Onde a vida está? Onde tu és?
Mês: março, 2014

se quem discorda é inimigo,
quem é o inimigo?

até o amor dito próprio,
é uma relação com o outro (em nós).
ninguém está intimamente a sós,
somos no mínimo corpo-alma-espírito,
em essência, uno com o todo.

o começo da mudança, da cura…
é assumir justamente,
o que rejeitamos – a doença.
aceitar o mal estar,
abre as portas para o cuidar de si,
o princípio do encontrar-se.

o ‘real’ nos conta a verdade em poesias,
entre silêncio e sedutora ‘mentira’,
através da fenda mágica – mort&vida.

as folhas que se percebem caídas,
tornam-se sementes da árvore da vida.

repetimos por hábito,
transformamos por hábito.
somos essencialmente mutantes,
por maus hábitos somos relutantes.

quando há sentimento de culpa,
condenamos o outro, o mundo, a vida,
há uma ingratidão e um medo de si.
ingratidão, pois a vida é desvalorizada,
e a dor passada é o olhar presente.
e medo, pois há um controle que aprisiona, impede a liberdade de escolha,
que impede de ver por inteiro, de se ver.
essa ‘lei da punição’ que não perdoa ninguém,
é a manutenção do engano, do conflito, dentro e fora de si,
pois a verdade é que enquanto vivo,
sempre há um outro caminho possível,
que seja bom, faça bem, pacifique e cure.
em princípio, somos aliança – paz e amor.
na prática é resgatar os princípios,
beber da fonte, alimentar-se do que nos torna vivos.

despertar é…
um processo de ‘desconstrução e, reconstrução’.
nascemos para aprender,
crescemos ao conhecer,
amadurecemos ao discernir a verdade.
e o amadurecer é também,
render-se à verdade,
é aceitar ‘desconstruir-se’,
e confiar no renascer, na reconstrução.
renascer, reconstruir o estado de ser,
abrir mão do controle que aprisiona,
e servir ao ser, ser o meio de realização.
após avistar, adentrar, atravessar os véus da escuridão,
se espantar e encantar-se com a luz,
que arde ao olhar, há um bem-estar,
uma paz, um amor genuíno.
vislumbrar ao mistério – o sentido dos sentidos,
a responsa de ser vivo,
a resposta para estar vivo.
nem só de dor, nem só de cor,
amor é o todo incolor.

ninguém nasce sozinho,
ninguém morre sozinho,
ninguém está sozinho,
quando se reconhece o outro.

já diziam que…
o ser humano é um ‘ser desejante’:
desejo de ser desejado,
desejo de diferentes e novos desejos,
desejo de nos superar e elevar.
mas um desejo desorientado,
nos aprisiona em manias e vícios:
desejo de muito prazer, muito comer,
muito beber, falar, mandar, doer,
dormir, sorrir, distrair,
fingir, fugir, sumir.
que desejo temos e que desejo queremos?