Conto Zen: A Sabedoria do Lago

por EM SI: LUGAR DE GRAÇA

Um samurai depois de ter sido derrotado numa importante prova de habilidades, vagou sem rumo com os pensamentos confusos, enfurecido, sem querer aceitar a derrota.

Parou em um lago que encontrou no seu caminho e lançou violentamente
uma pedra contra as suas águas, que se agitaram violentamente.

O samurai ainda com raiva e ressentido, percebeu algo e refletiu:

– “Mesmo ofendido e perturbado com a pedra que atirei, em instantes o lago se recompôs, retornando a tranquilidade inicial.”

O samurai concluiu que mesmo que lançasse todas as pedras da redondeza, pequenas ou grandes, o lago sempre retornaria à sua natural tranquilidade, como se nunca tivesse sido atingido por nada.

Ao refletir sobre isso o homem evocou “Mizuno kami” (O Espírito das Águas):

– “Espírito das Águas, por que quando meu coração é ferido ficam cicatrizes e este lago, em instantes apaga todos os vestígios da agressão sofrida”?

Respondeu o “Espírito das Águas”:

– “O Lago faz com que a pedra se perca na sua grandeza e profundidade, logo, é como ser atingido por nada. O lago conserva consigo o silêncio, e não as queixas. Eis o segredo de sua serenidade”.

O Samurai curvou respeitosamente em gratidão para o lago e declarou ao “Espírito das águas”:

– “Hoje aprendi um grande ensinamento com as águas silenciosas de um lago”!

*

“A profundidade da Consciência dispensa explicações. É espaço, totalidade, absoluto; do que iria reclamar, do que iria se afastar, e como? 
Inclusão, aceitação, e acolhimento e gratidão são da natureza do Ser. Reconhece a sua Totalidade, reconhece que nada está fora de Si, tudo lhe pertence… porque iria dizer não para SI mesmo?
Somente a ideia de um ego separado do Todo, e que detém em si alguma autonomia, seria capaz de imaginar ser possível se afastar de algo. 
Somente a ideia de frações e fragmentos pode imaginar que podemos de fato nos afastar de alguma coisa, ou alguém. 
Nada está fora, simplesmente porque “fora” é algo que nunca existiu, nem tem como existir, já que a existência é completa em Si mesma, é Total e absoluta em tudo e em todos. 
A gota no oceano é também o oceano na gota… 
Reconhecer isso é descansar em SI mesmo, e desfrutar da jornada da vida, sendo lá qual for, o encontro é sempre consigo mesmo…” Lilian Ventos de Paz

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