reencontrA n d o…
recebo beijo, entrego flores…
ouço mistérios, quase incolores…
do astral, em astronômica energia…
a Sua presença…
um beija-flor-de-orelha-violeta…
recebo beijo, entrego flores…
ouço mistérios, quase incolores…
do astral, em astronômica energia…
a Sua presença…
um beija-flor-de-orelha-violeta…
Conta uma antiga lenda que, na Idade Média, um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher.
Na verdade, o autor era pessoa influente do reino e, por isso, desde o primeiro momento procurou-se um “bode expiatório” para acobertar o verdadeiro assassino.
O homem foi levado a julgamento e o resultado foi a forca.
Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta historia.
O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência.
Disse o juiz: – “Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do Senhor; vou escrever em um pedaço de papel palavra INOCENTE e noutro pedaço a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto.
”O Senhor decidirá seu destino” – determinou o juiz.
Sem que o acusado percebesse, o juiz separou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca. Não havia saída. Não havia alternativas para o pobre homem.
O juiz colocou os dois papeis em uma mesa e mandou o acusado escolher um.
O homem pensou alguns segundos e pressentindo, aproximou-se
confiante da mesa, pegou um dos papeis e rapidamente colocou-o na boca e o engoliu.
Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude
do homem.
– Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber qual seu veredicto?
– É muito fácil, respondeu o homem – basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o seu contrário.
Imediatamente o homem foi libertado.
Estava um homem sentado no alto de um monte enquanto três outros, lá embaixo, discutiam o que estaria ele fazendo lá em cima. O primeiro disse:
Acho que ele perdeu algum animal, e está procurando-o.
– Não creio, – falou o segundo – se ele estivesse procurando algum animal, ele não estaria parado, estaria em movimento. O mais certo é que ele esteja esperando um amigo.
– Também não – apostou o terceiro – se ele estivesse esperando um amigo ele estaria olhando de um lado para o outro, com ar de quem procura. Na minha opinião ele deve estar meditando.
Os três subiram ao alto do monte para indagar ao homem:
– O senhor está procurando algum animal? – perguntou o primeiro.
– Não. – respondeu o homem – eu não tenho nenhum animal, e por isso não poderia estar procurando animal algum.
– Já sei – disse o segundo – está esperando algum amigo, não é?
– Não. Não tenho amigos e nem inimigos – retrucou o homem.
– Não disse? – interveio o terceiro – você está meditando, não está?
– Não. – falou o homem.
– O que está o senhor fazendo, então? – indagaram os três.
– Nada. – respondeu o homem”.
O estudante, desapontado, frustrado com o que acabara de saber, lamentou-se:
“Não é possível, eu não quero deixá-las, elas são tudo o que eu tenho, mestre…”
O velho, sem delongas, completou:
“Nada temos, mas somos Nada.”
por AdriAnovamente
Caminhando há tempos no deserto, dois monges exaustos e sedentos, aparentemente não poderiam sobreviver nem mais um dia. Quando então, o jovem estudante, avistando a noite que se aproximara, resolveu parar e questionar o velho:
“Mestre, eu tomei uma decisão, não quero mais caminhar por este deserto sem saber em que direção estamos indo, mas precisamos sair deste lugar. Vamos meditar até encontrarmos uma saída…”
O mestre, segurando o cajado, observava atentamente o jovem, sem esboçar nenhuma reação. O estudante, inquieto, exclamou:
“Há dias estamos no caminho sem parar, com muita sede, sem expectativas de encontrar a saída, este lugar não tem nada, não temos mais força nem para pensar, e mestre, você não diz uma só palavra, precisamos de sua sabedoria para nos salvar!”
O jovem, sentou-se, fechou os olhos, inspirando profundamente…
O mestre ao lado do estudante, inspirou lentamente e expirou…
por Adriano Anovamente
o estudante refletindo, dormiu no caminho…
o mestre no caminho, repousa…
Chao-Chou (Joshu) certa vez varria o chão quando um monge lhe perguntou:
“Sendo vós o sábio e santo Mestre, dizei-me como se acumula tanto pó em seu quintal?”
Disse o Mestre, apontando para o pátio:
“Ele vem lá de fora.”
Certa vez Hakuin contou uma estória:
“Havia uma velha mulher que tinha uma casa de chá na vila. Ela era uma grande conhecedora da cerimônia do chá, e sua sabedoria no Zen era soberba. Muitos estudantes ficavam surpresos e ofendidos que uma simples velha pudesse conhecer o Zen, e iam à vila para testá-la e ver se isso era mesmo verdade.
“Toda vez que a velha senhora via monges se aproximando, ela sabia se eles vinham apenas para experimentar o seu chá, ou para testá-la no Zen.
Àqueles que vinham pelo chá ela servia gentil e graciosamente, encantando-os. Àqueles que vinham tentar saber de seu conhecimento do Zen, ela escondia-se até que o monge chegasse à porta e então lhe batia com um tição.
“Apenas um em cada dez conseguiam escapar da paulada…”
O conceito de Todo e Parte da Psicologia da Gestalt, diz que “O Todo é diferente da soma das Partes”. Só o Todo pode trazer o significado, e o que revela o significado deste Todo é a inter-relação das Partes.
De acordo com Ribeiro (1985), quando nos deparamos com algo, a nossa percepção o capta como um todo e a seguir percebemos suas partes. A forma como percebemos a parte e o todo vai depender da estruturação da nossa percepção. A experiência só chega até nós de modo completo, quando ela é experimentada como um todo, por mais que este todo seja apenas um esboço da realidade do ser.
Então, para se compreender este Todo, é necessário descobrir e conhecer a relação entre as Partes. Assim, percebemos que o todo é diferente da soma das partes, pois a percepção é determinada pelo caráter do campo como um todo, não é uma soma, nem produto das partes, é uma realidade. O Todo que determina as Partes.
Um exemplo de Parte e Todo é uma orquestra sinfônica, quando escutamos cada instrumento separado (parte) é diferente de quando escutamos a orquestra inteira (todo), cada instrumento (parte) tem a sua particularidade, sua beleza e sua função, mas quando ouvimos a orquestra (todo) temos outra percepção, não ouvimos mais o som de cada instrumento, mas sim um conjunto, um Todo composto de Partes.
Fonte: Gestalt em Movimento
Gravura de M.C. Escher
Certo dia, o monge Ch’uang-tze perguntou ao Mestre Ching-feng:
“O que é o Buddha?”
O mestre disse:
“O Deus do fogo busca pelo fogo.”
O monge ficou eufórico e saiu gritando da entrevista, feliz, afirmando:
“Eu entendi!!! Eu REALMENTE entendi!!!!”
Ainda muito feliz consigo mesmo, ele voltou até o seu próprio mestre, Yang-ki, e este lhe perguntou:
“O que aprendestes com Ching-feng?”
“O Deus do fogo, que é em si o fogo, busca sua natureza em outro lugar!!
Eu, que sou Buddha, busco o Buddha fora de mim!!!!” afirmava o monge, orgulhoso e feliz de sua descoberta. Yang-ki comentou, triste:
“Eu pensei que vós tivésseis entendido, mas agora vejo que nada entendeu realmente.” E foi-se embora.
O monge ficou pasmo. Pensou: ‘O que?! Como é possível que eu não tenha entendido?! Como posso estar errado?’. Ele correu até Yang-ki e pediu-lhe, desesperado:
“ESPERE! ESPERE! Dizei-me enfim: O QUÊ É BUDDHA?”
O mestre replicou:
“O Deus do fogo vem buscar o fogo.”
O monge, neste momento, experimentou o Satori.