é Caso e Caos
Por acaso, o acaso não há.
No caso, ocaso não é.
Por acaso, o acaso não há.
No caso, ocaso não é.
O Tigre
Tigre! Tigre! clarão feroz
nas florestas da noite atroz,
que mão, que olho imortal teria
forjado a tua simetria?
Em que funduras, em que céus
o fogo ardeu dos olhos teus?
Em que asa ousou ele aspirar?
Que mão ousou o fogo atear?
Que ombro, que arte deu tal torção
às fibras do teu coração?
E, o teu coração já batendo,
que horrenda mão? que pé horrendo?
E qual martelo? E qual corrente?
Em que forja esteve tua mente?
Qual bigorna? Que ousado ater
seus terrores ousou conter?
Quando os astros se desarmaram
e o céu de lágrimas rociaram,
riu-se ao ver sua obra talvez?
Fez o Cordeiro quem te fez?
Tigre! Tigre! clarão feroz
nas florestas da noite atroz,
que mão, que olho imortal teria
forjado a tua simetria?
Tradução de Renato Suttana
PS.: Link do Blog Escamandro com diferentes traduções para o poema “O Tigre”.
“A vida é um mistério, não uma pergunta. Não é um quebra cabeças a ser resolvido, nem uma pergunta a ser respondida, mas um mistério a ser vivido, um mistério para amar e com ele dançar.”
Você precisa abandonar suas respostas.
Abandonando suas respostas você destruirá suas perguntas.
No dia em que não houver perguntas nem respostas dentro de você e que você estiver simplesmente vazio… Você chegou em casa.
Sempre que houver alternativas, tome cuidado, não escolha o conveniente, o confortável, o respeitável, o socialmente aceito.
Escolha algo que faça o seu coração vibrar. Escolha algo que gostaria de fazer, apesar de todas as conseqüências.
O covarde pensa nas conseqüências: “Se eu fizer isso, o que acontecerá? Qual será o resultado?” O covarde é mais preocupado com o resultado.
O ser humano real nunca pensa nas conseqüências. Ele pensa apenas no ato, neste momento.
Um ser humano real nunca se arrepende, ele jamais se lamenta, pois jamais fez algo contra si mesmo.
Vocês precisam se transformar em indivíduos autênticos, integrados, com imenso auto-respeito.
Personalidade é uma máscara muito tênue dada ao indivíduo pela sociedade – ela foi dada a você pelos outros.
Individualidade é aquilo com o qual você nasceu – sua natureza – ninguém pode dá-la a você e ninguém pode tirá-la de você.
A personalidade pode ser dada e tirada. Daí, quando você se identifica com ela você começa a ficar com medo de perdê-la.
Foi lhe dito pelos seus pais, professores, vizinhos e amigos que você era assim – todos eles moldaram sua personalidade, dando uma forma a ela.
E eles fizeram de você algo que você não é e jamais poderá ser. Daí você se sentir infeliz, confinado em sua personalidade – essa é sua prisão.
Mas você também tem medo de sair dela, pois não sabe que possui algo mais.
É mais ou menos assim: você pensa que suas roupas são você. Então naturalmente você terá medo de ficar despido.
Não é uma questão apenas do medo de abandonar as roupas, mas do medo de que, se você as abandonar, não haverá ninguém e todos verão que há o vazio, que você é oco por dentro.
A personalidade está com medo, e é muito natural que deva ter medo.
No momento em que você se liberta, você pode abrir suas asas na vasta existência que há muito o espera.
Trecho do Livro: “Palavras de um homem de Silêncio” – Osho.
(…) A vida não pode ser avaliada integralmente sob o ponto de vista da moral – pois a vida, enquanto criação e destruição, é a constatação do ser como devir, como pensa a filosofia heracliteana – da existência como múltiplo é compreendida como afirmação. O Um é o múltiplo e o múltiplo é o Um. Nada há além desta constatação – não há como julgar a vida atribuindo-lhe valores morais. A existência é inocente e apreciada – gerada do Uno, afirma a vida, deve estar isenta de valores morais, pois não há ser além do devir, ou melhor, o Ser é o devir. O Ser (Uno) se afirma no múltiplo e continua a sair dele na eternidade do tempo.
“Heráclito olhou profundamente, não viu nenhum castigo do múltiplo, nenhuma expiação do devir, nenhuma culpa da existência. Nada viu de negativo no devir, ao contrário, viu uma dupla afirmação do devir e do ser como devir, em suma, uma justificação do ser.” Deleuze
Fonte: Revista Pandora Brasil. Artigo de Ângela Zamora: Ideias sobre arte e moral a partir da “Ótica da Vida” em Nietzsche
Ecce homo
Sim, bem sei donde provenho
Insatisfeito, como chama em seco lenho,
Vou ardendo e me consumo,
Tudo o que toco faz-se luz e fumo,
Fica em carvão o que foi minha presa:
Sim, sou chama com certeza.
–
Canção da embriaguez
Ó HOMEM! ATENÇÃO!
QUE DIZ A FUNDA MEIA-NOITE?
‘ESTAVA A DORMIR, A DORMIR -,
DE UM SONHO FUNDO ACORDEI: –
O MUNDO É FUNDO,
E MAIS FUNDO DO QUE O DIA PENSAVA
FUNDA É A SUA DOR –
A ALEGRIA – MAIS FUNDA AINDA QUE O PESAR:
A DOR DIZ: PASSA E MORRE!
TODA A ALEGRIA, PORÉM, QUER ETERNIDADE -,
QUER FUNDA, FUNDA ETERNIDADE.”
–
Para quem souber dançar
GELO LISO,
UM PARAÍSO
PARA QUEM SOUBER DANÇAR.
Fonte: Revista Pandora Brasil – Edifícios e Nuvens: Filosofia e Poesia de Friedrich Nietzsche
a negação de si mesmo… é sempre dizer sim, não saber dizer não ao outro.
negar a si mesmo… é sempre dizer não, não saber dizer sim para você.
a aceitação de si mesmo… é dizer sim, dizer não, coerente com o seu coração… assumir-se com autorresponsabilidade… a lei do amor é indubitavelmente a lei da reciprocidade…
é respeitando a si mesmo que se respeita o próximo. o princípio é em si, enfim, o todo…
Quando jovem, Baso praticava incessantemente a Meditação. Certa ocasião, seu Mestre Nangaku aproximou-se dele e perguntou-lhe:
– Por que praticas tanta Meditação?
– Para me tornar um Buda.
O Mestre tomou de uma telha e começou a esfregá-la com um pedra.
Intrigado, Baso perguntou:
– O que fazeis com essa telha?
– Pretendo transformá-la num espelho.
– Mas por mais que a esfregueis, ela jamais se transformará num espelho! Será sempre uma pedra.
– O mesmo posso dizer de ti. Por mais que pratiques Meditação, não te tornarás Buda.
– Então o que fazer?
– É como fazer um boi andar.
– Não entendo.
– Quando queres fazer um carro de bois andar, bates no boi ou no carro?
Baso não soube o que responder e então o Mestre continuou:
– Buscar o Estado de Buda fazendo apenas Meditação é matar o Buda.
ao ser
o meio
se é
inteiro
princípio.
aprendendo, ao mesmo tempo, desaprendendo.
estar sendo, sendo estar.
o sábio impermanente, permanece inocente.
Certa vez, enquanto o velho mestre Seppo Gisen jogava bola, Gessha aproximou-se e perguntou:
“Por que é que a bola rola?”
Seppo respondeu:
“A bola é livre. É a verdadeira liberdade.”
“Por quê?”
“Porque é redonda. Rola em toda parte, seja qual for a direção, livremente. Inconsciente, natural, automaticamente.”