Não leve, não leve.
Não leve a sério
Se não há graça…
Equilíbrio é… simplesMente Ser… flexível…
Não leve a sério
Se não há graça…
Equilíbrio é… simplesMente Ser… flexível…
oco e flexível
reto e profundo
simples e alto
generoso bambu
humildeMente nu
Aparentemente frágil, fortemente vazio… é possível reter ou domar o vazio?
Um discípulo perguntou ao seu mestre Zen:
“Como posso fazer com que as montanhas, os rios e a grande Terra me beneficiem?”
Respondeu o mestre:
“Vós deveis beneficiar as montanhas, os rios e a grande Terra.”
Koan: A mente Zen é a nutrição da Terra. A mente da Terra é a nossa nutrição.
Certa vez, durante uma palestra, um monge perguntou a um mestre Zen:
“Qual o significado fundamental do Budismo?”
O mestre disse:
“Ao final da palestra fique aqui sozinho comigo que eu lhe explicarei.”
Imaginando que algo muito importante lhe seria revelado, o monge esperou impaciente o fim da preleção. Quando todos saíram, ele perguntou ansioso:
“Então, responder-me-ás agora?”
“Siga-me,” disse o mestre e levantou-se. Conduziu o monge ao belo jardim aos fundos do templo, apontou para o bosque de bambus e disse:
“Este bambu é longo, aquele é curto.”
Poesia: (ποίησις gregas ‘ação, criação, adoção, fabricação, composição, poesia, poema’ <ποιέω ‘fazer, fabricação, gerares, dar à luz, obter, causa, criar’).
Em seu dicionário de Filosofia, Ferrater Mora alude à definição de Platão segundo a qual a poesia é loucura, mas “loucura divina”. O poeta é, ou pode ser, “um ser com asas”, inspirado pela divindade. Assim, a capacidade de poetizar é realmente uma graça, um presente. Platão também fala de “poesia” como uma atividade criativa em geral. O termo “poiesis” significa “fazer”, em um sentido técnico, e refere-se a todo trabalho artesanal, incluindo aquele realizado por um artista. Tal artista é o criador, autor de ποιητής (poietés); fabricante, artesão; criador, legislador; poet ‘, entre as múltiplas traduções que a palavra concede. Consequentemente, «poiesis» é um termo que se refere à atividade criativa como uma atividade que dá existência a algo que até então não o possuía.
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Assim, a poesia é uma imitação, sempre entendida como participação no Verdadeiramente Real. A poesia pode ser com ela uma sabedoria representativa do intangível.
Quando o ser humano quer descobrir as leis da natureza, em sua ânsia de entender o mundo em que vive, ele investiga os fenômenos que ele observa através da ciência. Quando perguntado sobre o significado de sua vida e a razão de sua existência, ele elabora com seus conceitos e paradigmas de pensamento que o aproximam cada vez mais da filosofia. Mas quando ele descobre, você se pergunta, em si mesmo um princípio da eternidade, nem na filosofia nem na ciência ele encontra sua expressão mais precisa. Então ele recorre, quase sem remédio, à poesia. E isso te dá, se o destino te acompanhar, a possibilidade de conectar e tocar essa eternidade.
Diz-se que a Verdade, com letras maiúsculas, não pode ser escrita ou dita ou, consequentemente, ser traída. Ísis sempre permanece atrás de um véu. Os meios físicos disponíveis para o ser humano são insuficientes para abordá-lo. A razão enfraquece entre pares de opostos. Os sentidos têm seus próprios limites. Com a linguagem cotidiana dificilmente podemos nos comunicar e transmitir informações. No entanto, devemos estar preparados para compreender a verdade, para percebê-la. E esta preparação não é o conhecimento alcançado através do estudo e da aprendizagem, mas um Poder que é adquirido através do esforço pessoal, através da luta contra os obstáculos que surgem em si mesmo.
Nós vivemos para morrer E nesta vida a poesia não se encaixa. Nós crescemos, desenvolvemos habilidades, interagimos com nossos pares, buscamos nosso lugar no mundo e finalmente … nós desaparecemos.
Nós vivemos para alcançar a eternidade. Toda a nossa existência torna-se então uma busca, uma aspiração. A poesia se torna a linguagem que melhor expressa aquilo a que aspiramos. E há uma batalha interna entre a natureza do mundo que marca um caminho cujo fim já conhecemos e aquele princípio eterno em nós que luta para sair do seu esquecimento e recuperar seu reino.
Amado Nervo diz em seu poema intitulado Deidade:
Enquanto o brilho dorme no seixo
e a estátua na lama,
a divindade dorme em você.
Somente em uma dor constante e forte
para o choque,
o raio da divindade brota da pedra inerte .
Não se queixe, portanto, do destino,
pois o que em você é divino
só surge através dele.
Apoia, se possível, sorrindo,
a vida que o artista está esculpindo,
o duro choque do cinzel.
O que as horas ruins importam para você,
se a cada hora em suas asas nascentes
coloca mais uma bela pena?
Você verá o condor em toda a altura,
você verá a escultura terminada,
você verá, alma, você verá …
Somente o Espírito é encontrado com o Espírito, seguindo o máximo hermético de “Se você não pode ser igual a Deus, você não será capaz de entendê-lo, porque somente o semelhante compreende coisas semelhantes” [1]. Aludindo à capacidade criativa que mencionamos antes de poesia, podemos dizer que é através de suas palavras como a alma se eleva em encontrar seu verdadeiro espaço e captura a evidência dos mundos a que o homem, em sua humanidade natural, não pode alcançar.
Como diz Rilke:
Eu vivo a vida em círculos crescentes
que se espalham por todas as coisas.
Talvez eu não consiga completar o último,
mas vou tentar.
Eu me viro para Deus, aquela torre imponente, ao
longo dos milênios que viro.
E eu ainda não sei o que sou: falcão ou vendaval,
ou talvez eu seja uma ótima música.
[1] Copenhaver, Brian P., Corpus hermeticum y Asclepio, Madri, Siruela, 2000.
Artigo criado por: Paula Martínez Gallardo
Fonte: RosaCruzAurea.org/pt
a NOW a
o A q u i
A g o r a
O caminho é religião… em si religação…
Religação é o caminho… do coração…
A sabedoria perene, apesar dos incontáveis mal-entendidos, é até fácil entendê-la, já que é a verdade que habita o nosso ser, e se fala dela há milênios… o que não é tão fácil é segui-la, praticá-la, vivenciá-la a ponto de sê-la…
“Amar ao teu próximo como a ti mesmo”… não porquê somos irmãos ou por obrigação, mas porquê “outro não existe”… somos todos um, o uno.
Enquanto foras outro, serás infernal. Paradisíaco fora, onde és tu, aquele que és…
No caminho do coração, caminho com o coração, o coração do caminho…
Não ponha em risco a simplicidade, arrisque ser simples, simplesmente sendo…
Por vezes a vida (unicamente múltipla que só ela)…
Pontua, põe ponto final… Ou seria ponto e vírgula?
Com ela faço rascunhos, interpretações, exclamações, reticências…
Mas cedo ou tarde retorno às interrogações e à fonte criativa.
No prefácio, parece rápido, fácil…
Porém, o sumário é sumério, segredos do mistério…
Onde termina o princípio?
Qual é o meio?
Aonde começa o fim?
E assim, capítulos rolam, uns enrolam outros desenrolam…
Figuras, personagens, riscos, teorias… Citações, traduções, justificativas ocupam longos parágrafos…
Apesar das leituras e releituras… há letras, linhas, entrelinhas, significados… sentidos que permanecem codificados em aberto espaço…
Palavras erradas, não escritas, mal entendidas, revisadas, nem sempre, quase nunca compreendidas…
Páginas e mais páginas difíceis de serem enumeradas… mas ainda assim escritas…
E a capa dura, mesmo que não ceda, envelhece e há de se dobrar ou cair naquele dia…
O livro, dura o tempo que durar… Simplesmente por cumprir o seu papel de mensageiro da vida…
De repente num tao não-lugar há de se completar histórias… A causa e-feito poesia… A página em branco comunica além das palavras… encerra o princípio em si…
* Texto revisado, publicado originalmente em 23/04/2014.
Boatos espalharam-se por toda a região acerca do sábio Homem Santo que vivia em uma pequena casa sobre a montanha. Um homem da vila decidiu fazer a longa e difícil jornada para visitá-lo. Quando chegou na casa, ele viu um simples velho dentro que o recebeu, abrindo a porta.
“Eu gostaria de ver o sábio Homem Santo,” disse ele ao outro. O velho sorriu e permitiu-o entrar.
Enquanto eles caminhavam ao longo da casa, o homem da vila olhava ansiosamente em torno, antecipando seu encontro com um homem considerado um verdadeiro Santo. Mas antes que pudesse dar pela coisa, ele já havia percorrido a extensão da casa e levado para fora. Ele parou e voltou-se para o velho:
“Mas eu quero ver o Homem Santo!”
“Já o fizeste,” disse o velho. “Todos que tu encontras em tua vida, mesmo se eles pareçam simples e insignificantes… veja cada um deles como um sábio Homem Santo. Se fizeres deste modo, então quaisquer que sejam os problemas que trouxestes aqui hoje, serão resolvidos…”
E fechou a porta.