Um TriUnfar
O corpo é uma lagarta…
A alma é uma borboleta…
E o casulo?
O mistério em si, a ser por ti revelado…
Há algum tempo atrás existia, numa distante e pequena vila, um lugar conhecido como A Casa dos Mil Espelhos.
Certo dia, um pequeno e feliz cãozinho soube deste lugar e decidiu visitar.
Quando lá chegou, saltitou feliz escada acima até a entrada da casa. Olhou através da porta de entrada com suas orelhinhas bem levantadas e abanando a sua cauda, tão rapidamente quanto podia.
Para sua grande surpresa, deparou-se com outros mil pequenos e felizes cãezinhos, todos a abanarem as suas caudas, tão rapidamente quanto a dele.
Nesse momento, deu um enorme sorriso e foi correspondido com mil sorrisos enormes. Quando saiu da casa pensou: ‘Que lugar maravilhoso! Voltarei sempre, um milhão de vezes’.
Na mesma vila havia outro pequeno cãozinho, não tão feliz quanto o primeiro, que decidiu também visitar a casa.
Subiu lentamente as escadas e espreitou através da porta.
Quando viu mil cães a olhá-lo fixamente, rosnou e mostrou os dentes e ficou assustado ao ver mil cães a rosnar-lhe e a mostrar-lhe os dentes.
Saiu a correr e pensou: “Que lugar horrível, nunca mais volto aqui!”
Todos os rostos no mundo são espelhos.
O tempo passa… a cada momento… E a sua atenção onde está?
O tempo passa… a todo instante… E a presença está?
Tudo muda de estados, de aparência… E o que permanece? A mudança permanece… Está claro que é hermético mistério… Mas qual é a chave da tao consciência?
Nós passamos… levamos enquanto não se atravessa… elevamos ao atravessar as próprias experiências… vivenciadas e causadas por nós…
Aceitação não é se conformar… é se reconhecer e abrir-se para o que é, o que há… Estar em si, se por no lugar e no caminho, simplesMente caminhar… eis a atenção plena ou plena presença…
E afinal, escolhemos o caminho ou é o caminho que nos escolhe? Ou seria encontro?
* Pintura: “Flor de Ouro – Minha Alquimia Interior” ©2009 por Cecília Melo
“Conta a lenda que um velho sábio, tido como mestre da paciência, era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um homem conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu com a intenção de desafiar o mestre da paciência. O velho aceitou o desafio e o homem começou a insultá-lo. Chegou a jogar algumas pedras em sua direção, cuspiu em sua direção e gritou todos os tipos de insultos.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o homem se deu por vencido e retirou-se.
Impressionados, os alunos perguntaram ao mestre como ele pudera suportar tanta indignidade.
O mestre perguntou: Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma. Só se você permitir… “
no meio de tudo
dentro de tudo
acima de tudo
desde sempre
para sempre
sem pressa
sem parar
só pairar
em paz
.
“Os domínios do mistério prometem as mais belas experiências.” Albert Einstein
Ancorar, seguir em si…
Ancorar, estar em si-agora…
Ancorar, ser oceano em gota d’água…
Ancóra teu ser no coração… no fundo, no fundo é libertação…
A vida não oferece promessas nem garantias, mas possibilidades, oportunidades… que nos desafiam a aceitarmos o meio de sermos inteiros: Amor…
* Imagem: Capa do EP “Âncora”, do artista Don.