“Há um complexo e árduo caminho que vai do eu ao si-mesmo”. Simplesmente aqui-agora.

Abordando a perspectiva do zen budismo sobre a questão de Deus, Suzuki assinala que essa tradição não nega nem afirma Deus, nem se apega a qualquer entrave dogmático da teia religiosa. O horizonte de sua busca envolve a ultrapassagem de toda lógica, na busca de uma afirmação mais profunda. Para que isso ocorra é necessário ter a mente livre e desobstruída, também com respeito às idéias de totalidade ou unidade. O que ocorre é um misticismo peculiar, a seu “próprio modo”.
Como assinala Suzuki, o zen “é místico no sentido de que o sol brilha, que uma flor desabrocha”. Trata-se de uma mística que “treina sistematicamente o pensamento para ver isso. Abre os olhos do homem para o grande mistério que diariamente é representado. Alarga o coração para que ele abranja a eternidade do tempo e o infinito do espaço em cada palpitação e faz-nos viver no mundo como se estivéssemos andando no Jardim do Éden”. Na perspectiva do zen, a verdade está bem próxima do cotidiano, basta saber ver. Não é necessário perder-se em “abstrações verbais e sutilezas metafísicas” para alcançar o seu significado. A verdade “se acha realmente nas coisas concretas de nossa vida diária”.
O que ocorre com o zen budismo é a busca de uma liberdade absoluta, mesmo com respeito a Deus. O que predomina e determina a reflexão é a consciência de que nada permanece de forma duradoura. Não há lugar para apegos, representações ou figuras de retórica. Os nomes são todos imperfeitos e limitados. Rejeita-se mesmo o apego a Buda, como sinalizado na conhecida expressão: “Se encontrares o Buda, mate-o”.
* Fonte: MonjaCoen.com.br