Conto Zen: Apenas uma Estátua
por EM SI: LUGAR DE GRAÇA
Certa vez Tan-hsia, monge da dinastia Tang, fez uma parada em Yerinji, na Capital, cansado e com muito frio. Como era impossível conseguir abrigo e fogo, e como era evidente que não sobreviveria à noite, retirou em um antigo templo uma das imagens de madeira entronizadas de Buda, rachou-a e preparou com ela uma fogueira, assim aquecendo-se.
O monge guardião de um templo mais novo próximo, ao chegar ao local de manhã e ver o que tinha acontecido, ficou estarrecido e exclamou: “Como ousais queimar a sagrada imagem de Buda?!?”
Tan-hsia olhou-o e depois começou a mexer nas cinzas, como se procurasse por algo, dizendo: “Estou recolhendo as Sariras (*) de Buda…” “Mas,” disse o guardião confuso “este é um pedaço de madeira! Como podes encontrar Sariras em um objeto de madeira?”
“Nesse caso,” retorquiu o outro “sendo apenas uma estátua de madeira, posso queimar as duas outras imagens restantes?”
(*) Sariras – tais objetos são depósitos minerais – como pequenas pedras – que sobram de alguns corpos cremados, e que segundo a tradição foram encontrados após a cremação do corpo de Gautama Buda, sendo considerados objetos sagrados.
Koan: Em que parte de um objeto fica o reverenciado Sagrado?
Resposta ao Koan: Naquela parte que me toca, mesmo sem a pele tocar…
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