Ser. Discernir.
“Ouça o que o silêncio diz”… Te diz respeito…
A vida é uma só.
Mutáveis realidades.
Incontáveis existências.
Dissolvendo ilusões. Vivenciando desilusões. A verdade permanece.
Se duas pessoas fazem a paz na mesma casa, dirão a uma montanha: “afasta-te” e ela afastar-se-á, disse Jesus.
Eis o poder da paz, da unidade!
Que se pode fazer contra um homem tranquilo, unificado?
Que se pode fazer contra duas ou três pessoas bem harmonizadas?
As montanhas, as dificuldades, afastam-se. É como se tivessem o apoio de toda Natureza, do Uno que se manifesta em sua harmonia.
Antes de desejar levar a paz para a casa dos outros, é necessário começar em sua “casa”, fazer a paz com as partes “inimigas” de si mesmo, seja o instinto, a emoção ou o intelecto. Enquanto houver divisão em nós mesmos, não será que os obstáculos que encontramos são a expressão de nosso próprio caos?
Encontra a paz interior, dizia São Serafim de Sarov, e uma multidão será salva ao teu lado. Um homem tranquilo, um homem feliz é fonte de paz e de felicidade para toda a humanidade. O que não fariam dois ou três?
Para Clemente de Alexandria, “transportar” montanhas significa nivelar as desigualdades entre os homens, tornar possível o encontro. A Paz permite que a Unidade de todos os seres se manifeste no momento em que o temor ou a cobiça erguem montanhas entre eles.
A “fé que transporta montanhas”. Ora o que é a fé senão a Unidade da inteligência com o coração? A paz realizada entre esses “dois” que, muitas vezes, se opõem na mesma casa: o discernimento e a afetividade?
A fé é indissociavelmente, um movimento da inteligência para a Verdade e um ato de confiança. A fé é aderir com todo o seu ser ao que é reconhecido como verdadeiro e justo. Essa adesão íntima e total implica uma grande potência assim como uma grande lucidez: vai além da razão, mas não contra a razão. E o que tinha a aparência de montanha revela-se à luz dessa força clarividente e viva como um simples ninho de toupeira.
Jean-Yves Leloup
Abro-me para a luz da consciência que é em mim… E ilumino as sombras da ignorância que amedrontam-me…
Já está em mim
aquilo que procuro.
Aceito-me como eu sou
e assim me curo.
Sigo a me curar
encontrando-me
a cada instante da vida.
Viva! Eu sou em si a vida…
No jogo do poder, tem vencedores?
Tem vencidos, vendidos, vendas nos olhos do opressor e do oprimido.
É um, um longo, moroso e quem sabe, somente quem sabe, amoroso caminho.
“Se fosse fácil achar o caminho das pedras, tantas pedras no caminho não seriam ruim.”
Vir e virando, revirando…
viva a arte de ser… vivente…
a todo instante é nascente…
a cada dia renascente…
e a noite… inocente…
* Imagem de Julia Branco, por Folha do Estado.
Somos doadores, por compaixão…
ninguém pode dar aquilo que só você pode dar…
ninguém pode pegar de volta aquilo que foi dado…
não se pode apagar aquilo que você deu…
Transformamos a realidade se transformando… Em cada ato, em cada passo dado… Tudo passa, mas é indispensável atravessar… Tudo não passa de doação…