Sol o Sou
“O amor é quando a gente mora um no outro.” Mário Quintana
a noite cria
o dia realiza
o sonho da vida
Amor é o caminho a ser amado. Amar é o caminho do ser amado.
“Creio na nudez da minha vida.” Sophia de Mello Breyner Andresen
“O amor é quando a gente mora um no outro.” Mário Quintana
a noite cria
o dia realiza
o sonho da vida
Amor é o caminho a ser amado. Amar é o caminho do ser amado.
“Creio na nudez da minha vida.” Sophia de Mello Breyner Andresen
Certa vez o discípulo de um renomado mestre Zen lhe indagou:
Mestre, o que acontece no momento em que encontramos o Zen?
Não acontece nada, respondeu o mestre.
O discípulo replicou:
Como não acontece nada? Então, o senhor não o encontrou?
O mestre respondeu:
Não. Eu não o encontrei, o Zen já estava comigo quando eu cheguei.
por Akrura Bogéa – rjmeditacao.com
Mestre Tokusan (742-865) estava sentado em zazen à beira do rio.
Avizinhando-se da margem, um discípulo gritou-lhe:
– Bom dia, mestre! Como estais?
Tokusan interrompeu o zazen e, com o leque, fez sinal ao discípulo:
Vem . . . vem . . . !
Levantou-se, deu meia-volta e pôs-se a ladear o rio, seguindo o curso da água…
O discípulo, nesse instante, experimentou o Satori.
Quando atingiu a iluminação completa o sexto Patriarca (Hui-Neng) recebeu do quinto Patriarca (Hung-Jen) o manto e a tigela, simbólicos da sucessão de grandes mestres a partir de Gautama Buddha, geração após geração.
O monge-chefe do templo chamado Jin-shu, cheio de rancor, perseguiu Hui-neng com a intenção de retirar-lhe estes tesouros. O Sexto Patriarca colocou o manto e a tigela sobre uma pedra ao lado da estrada e disse a Jin-shu:
“Estes objetos apenas simbolizam uma crença. Não há motivos para se brigar por eles. Se desejais possuí-los, tome-os agora.”
Quando Jin-shu tentou erguer os objetos eles pareceram-lhe tão pesados como uma montanha. Ele não pode tomá-los. Tremendo de vergonha ele disse:
“Eu vim em busca de esclarecimento, e não de tesouros materiais. Por favor, ensinai-me.”
O Sexto Patriarca disse:
“Quando vós não pensais no “Bem” e quando vós não pensais no “Mal”, em qual momento está vossa verdadeira natureza?”
Ao ouvir tais palavras Jin-shu atingiu o Satori. Suor escorreu de todo seu corpo. Ele gritou e fez uma reverência, dizendo:
“Vós me destes as secretas palavras e os secretos significados. Há ainda alguma parte mais profunda de vosso ensinamento?”
Hui-neng disse:
“O que vos disse não é um segredo, em verdade. Quando compreendes vosso verdadeiro Eu o segredo já então lhe pertence.”
Jin-shu disse: “Estive sob a orientação do quinto patriarca por muitos anos mas não pude compreender meu verdadeiro Eu até agora. Através de vosso ensinamento eu atingi a fonte. Uma pessoa bebe água e sabe por si mesma se esta é fria ou quente. Posso lhe considerar meu mestre?”
Hui-neng replicou: “Estudamos ambos sob o mesmo quinto patriarca. Continue chamando-o seu mestre, mas apenas guarde em si o que vós mesmos realizastes.”
Hsüan-Chien, quando jovem, era um devoto estudante do budismo.
Estudou muito os conceitos e as doutrinas, e tornou-se muito hábil em analisar os termos complexos, e se considerava um perito em filosofia budista. Aprendeu de cor o Sutra do Diamante, e orgulhosamente escreveu um longo comentário sobre ele.
Um dia, sabendo que em Hunan havia um grande sábio que dizia coisas que ele não concordava, resolveu viajar até lá para provar, através de seu conhecimento, que o pretenso sábio estava errado. Ele pegou seu comentário Qinglong sobre o Sutra do Diamante e partiu.
No caminho, encontrou uma velha que vendia bolinhos de arroz. Cansado e com fome, falou à senhora:
“Gostaria de comprar alguns bolinhos, por favor.”
“Que livros está carregando? “, perguntou a velha.
“É o meu comentário sobre o sentido verdadeiro do Sutra do Diamante,” disse orgulhoso,” mas você não sabe nada sobre esses assuntos profundos.”
Após um pequeno momento em silêncio, a velha lhe disse:
“Vou lhe fazer uma pergunta, e se puder me responder eu lhe darei os bolinhos de graça. Se não, terá que ir embora, pois não vou lhe vender os bolinhos.”
Achando-se capaz de responder qualquer pergunta, quanto mais de uma pessoa sem os seus anos de conhecimentos nos termos filosóficos, disse:
“Muito bem, pergunte-me”.
“Está escrito no Vajracchedika que a Mente do passado é inatingível, a Mente do futuro é inatingível e a Mente do presente é inatingível; diga-me então: com qual Mente você vai se alimentar?”
Estupefato, Hsüan-chien não soube o que dizer. A velha levantou-se e comentou:
“Sinto muito, mas acho que terá que se alimentar em outro lugar”, e partiu.
Quando chegou no seu destino encontrou Longtan, o mestre do templo. Tinha chegado tarde, e ainda abalado com o encontro anterior, sentou-se silenciosamente em frente ao mestre, esperando que ele iniciasse o debate.
O mestre, após muito tempo, disse:
“É muito tarde, e você está cansado. É melhor ir para seu quarto dormir.”
“Muito bem,” disse o intelectual, levantou-se e começou a sair para a escuridão do corredor. O mestre veio de dentro do salão e comentou:
“Está muito escuro, tome, leve esta vela acesa,” e lhe passou uma das velas acesas do altar. Quando Hsüen-chien pegou a vela trazida pelo mestre, Longtan subitamente assoprou-a, apagando a luz e deixando ambos silenciosos em meio à escuridão. Neste momento Hsüan-chien atingiu o Satori.
No dia seguinte, levou todos seus livros e comentários para o pátio e os queimou.
Hsiang-yen fui discípulo de Pai-chang. Era uma pessoa muito inteligente, e sempre confiou na presunção de que se estudasse e absorvesse todo o conhecimento dos termos e textos budistas, seria um entendedor do Zen. Após a morte de seu mestre, ele dirigiu-se a Kuei-shan – que era o mais antigo discípulo de Pai-chang – para que este lhe orientasse. Mas Kuei-shan comentou:
“Soube que estiveste sob a orientação de meu antigo mestre e falaram-me de tua notável inteligência. Tentar compreender o budismo através deste meio leva geralmente a uma compreensão analítica, que em si nada tem de útil, mas que pode indiretamente levar o praticante a uma intuição do sentido Zen. Por isso, eu lhe pergunto: como tu eras antes de teus pais terem lhe concebido?”
Hsiang-yen ficou pasmo, sem saber o que dizer. Pediu licença e foi para seu quarto, e procurou em todos os textos e conceitos uma resposta para a estranha questão. Não foi capaz, e voltou ao outro monge. Pediu-lhe para ensinar sobre o sentido do que quis dizer, e Kuei-shan perguntou:
“Sinto muito, mas nada tenho a lhe dar. Tu sabes mais do que eu, e se nós debatêssemos com certeza eu ficaria em dificuldades. Tudo o que eu lhe pudesse dizer pertence às minhas descobertas pessoais e jamais poderia ser teu.”
Hsiang-yen ficou desapontado e achou que o monge mais velho lhe estava escondendo algo deliberadamente. Resolveu partir do templo, e buscar o conhecimento através dos livros e conceitos, pois achava que na verdade o seu conhecimento não era suficiente, e por isso o outro não quis lhe responder. Foi morar em um eremitério e passou a estudar com afinco. Após vários anos, achando-se suficientemente conhecedor dos conceitos buddhistas, voltou a Kuei-shan. Este, quando ouviu suas doutas explicações e sua solicitação por orientação, apenas sorriu e nada disse. Virou-se e foi embora.
Hsiang-yen ficou irritadíssimo. Naquele momento tomou uma decisão, destruiu todos os seus textos e resolveu desistir dos estudos, ainda que já fosse um grande intelectual. Ele pensou: “Qual a utilidade de estudar o budismo, se este é tão sutil e se é tão difícil receber instruções de outrem? Serei agora um simples monge praticante, e desisto de entender qualquer coisa!”
Abandonou o templo e suas cercanias, construiu uma cabana próxima à sepultura de Chu, o Mestre Nacional de Nan-yang, e passou a viver uma vida simples longe dos estudos e questões.
Certo dia, estava varrendo o chão de sua casa quando a vassoura tocou numa pedrinha, que rolou e bateu em um bambu. Em meio ao silêncio, o som ecoou suavemente. Ao ouvir este som, Hsiang-yen experimentou o Satori, e finalmente compreendeu o que tinha lhe dito Kuei-shan. Ele então ajoelhou-se e silenciosamente fez uma reverência de agradecimento ao sábio monge.
Certo dia, o monge Ch’uang-tze perguntou ao Mestre Ching-feng:
“O que é o Buddha?”
O mestre disse:
“O Deus do fogo busca pelo fogo.”
O monge ficou eufórico e saiu gritando da entrevista, feliz, afirmando:
“Eu entendi!!! Eu REALMENTE entendi!!!!”
Ainda muito feliz consigo mesmo, ele voltou até o seu próprio mestre, Yang-ki, e este lhe perguntou:
“O que aprendestes com Ching-feng?”
“O Deus do fogo, que é em si o fogo, busca sua natureza em outro lugar!! Eu, que sou Buddha, busco o Buddha fora de mim!!!!” afirmava o monge, orgulhoso e feliz de sua descoberta. Yang-ki comentou, triste:
“Eu pensei que vós tivésseis entendido, mas agora vejo que nada entendeu realmente.” E foi-se embora.
O monge ficou pasmo. Pensou: ‘O que?! Como é possível que eu não tenham entendido?! Como posso estar errado?’. Ele correu até Yang-ki e pediu-lhe, desesperado:
“ESPERE! ESPERE! Dizei-me enfim: O QUÊ É BUDDHA?”
O mestre replicou:
“O Deus do fogo vem buscar o fogo.”
O monge, neste momento, experimentou o Satori.
* Fonte: 178 Contos Zen
Certa vez um discípulo perguntou ao mestre Joshu:
“Mestre, por favor, o que é o Satori?”
Joshu respondeu-lhe:
“Terminaste a refeição?”
“É claro, mestre, terminei.”
“Então, vai lavar tuas tigelas!”
* Satori na tradição Zen Budista, é “despertar” para o si-mesmo, a descoberta de quem se é, “compreensão”, a primeira percepção da Verdadeira Natureza ou Natureza Búdica. Segundo Carl Jung, “o processo do Satori é formulado e interpretado como uma rutpura e uma passagem da consciência limitada na forma do eu para a forma do si-mesmo que não tem um eu. Essa concepção corresponde ao zen, bem como à mística do mestre Eckhart”: C.G. JUNG, em Psicologia e religião oriental.
Tonzan foi à presença de Yun-men. Este perguntou-lhe de onde Tozan estava chegando. Tozan disse:
“Da aldeia Sato.”
Yun-men quis saber: “Em qual templo vós passastes o verão?”
“No templo de Hoji, ao sul do lago”, disse Tozan de forma casual.
“Quando partistes de lá?” quis saber Yun-men.
“Em 25 de Agosto”, respondeu Tozan. Yun-men então lhe afirmou:
“Eu deveria vos dar três golpes de bastão, mas hoje eu vos perdôo.”
No dia seguinte Tozan foi até Yun-men, fez uma reverência e perguntou, confuso:
“Ontem vós me perdoastes os três golpes. Entretanto eu não compreendo nem mesmo qual foi a falta que cometi para poder merecer sofrer os golpes que vós me perdoastes!”
Yun-men então repreendeu Tozan desta forma:
“Vós sois inútil. Suas respostas ontem foram sem espírito. Vós simplesmente vagueais de um mosteiro para o outro!”
Ao ouvir as palavras de Yun-men, Tozan obteve o Satori.
Foto: Mosteiro Zen Morro da Vargem
Entrar em Alfa é entrar em estado de profundidade mental, de relaxamento e concentração, de atenção plena e meditação. É através do relaxamento profundo, do equilíbrio e paz interior, que se entra em nível Alfa.
Comumente existem quatro níveis de ondas cerebrais, quatro estados de espírito, estados de consciência: nível Beta (vigília, normal), nível Alfa (concentrado e relax), nível Theta (relax profundo e criatividade) e nível Delta (mente universal e cura). Mas fala-se também em um quinto nível, o Gamma, que é ainda mais sutil, onde se origina o insight.
Este conhecimento/sabedoria não é novo, no oriente, nas antigas religiões e tradições espirituais, nas escolas de mistérios e tribos ancestrais, sempre se ensinaram a desenvolver estes estados alterados de consciência, por meio de diferentes práticas e métodos. Os nomes para estes estados elevados e para o tal “despertar”, também variam em cada cultura, época e tradição.
Por exemplo, para os hindus, Samadhi (“ser um com a meta”), tornar-se um com Deus dentro de nós. É o Nirvana de Buda, o Satori do Zen, a União Mística (Eu Sou) de Jesus Cristo, o Poder do Agora de Eckhart Tolle, tem relação com o Tao de Lao Tsé, com o Logos de Heráclito, o êxtase espiritual, experiencia de platô, o arrebatamento, a iluminação, etc.
O despertar é a religação, realizar a comunhão, a conexão com o ser interior, o repouso no espírito. É elevar, expandir a consciência, abrir as portas da percepção, despertar para a alma, despertar para o eu superior, estar plenamente em Si… é ter visão, enxergar com o terceiro olho… “Eu e o Pai somos Um.”
“A Consciência Suprema está dentro de você assim como a manteiga existe no leite; bata a sua mente com o processo de meditação, e Ela surgirá – você verá que a resplandecência da Consciência Suprema ilumina todo o seu Ser interior. Ela é como um rio subterrâneo dentro de você. Remova as areias da mente e encontrará a água fresca e límpida do interior”. Shrii Shrii Anandamurti
É tempo de Despertar… e mergulhar na expansão de Si além de ti… somos o caminhante, o caminhar e o caminho… o que É está em nós, somos todos UmTodo…
Sem pressa, sem demora, em equilíbrio… com coragem e confiança, compassivo… é estar em si, no aqui-agora, em todo lugar, a qualquer instante… é um processo de transformação, testemunhar, observar e transformar-se. É uma mudança de hábitos, a metAMORfose… o tal autoconhecimento… se aperfeiçoar, curar-se… agir com plena atenção para reduzir a inconsciente reação… descobrir-se e seguir o teu próprio caminho, teu coração, sua vocação, sua criança, a chama interior… revelar a tua essência em sua própria realidade… é mudar o mundo ao mudar a sua realidade intimamente pessoal… esvaziar a mente e acolher o coração… se abrir, receber e trocar, vivenciar sozinho e no convívio… crescer, amadurecer no envelhecer… ser, rejuvenescer ao encontra-se no mistério revelado que é o viver…
“Sorria, respire e vá devagar. Os sentimentos são como nuvens num céu ventoso. A respiração consciente é minha âncora.” Thich Nhat Hanh