Um. Somos Um.
Silêncio presente… Silêncio audível… Silêncio…
um sorriso para a tristeza
um carinho para o sofrimento
um abraço para a solidão
onde tudo começou, acabou de começar… agora…
Silêncio presente… Silêncio audível… Silêncio…
um sorriso para a tristeza
um carinho para o sofrimento
um abraço para a solidão
onde tudo começou, acabou de começar… agora…
O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.
“Qual é o gosto?” Perguntou o Mestre.
“Ruim”, disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse: “Beba um pouco dessa água”.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
“Qual é o gosto?”
“Bom!” disse o rapaz.
“Você sente o gosto do sal?” Perguntou o Mestre.
“Não”, disse o jovem.
O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
“A dor na vida de uma pessoa é inevitável. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então, quando você sofrer, a única coisa que você deve fazer é aumentar a percepção das coisas boas que você tem na vida.
Deixe de ser um copo. Torne-se um lago.
Não se deixar dominar pelo desespero
“Tanto o sofrimento como a felicidade são de natureza orgânica, o que significa que ambos são transitórios; eles estão sempre mudando. A flor, quando morre, torna-se composto. O composto pode ajudar fazer crescer uma outra flor novamente. A felicidade também é orgânica e impermanente por natureza. Pode tornar-se sofrimento e o sofrimento pode tornar-se felicidade novamente.
Se você olha profundamente uma flor, vê que uma flor é feita apenas de elementos não-florais. Naquela flor há uma nuvem. Claro que sabemos que uma nuvem não é uma flor, mas sem uma nuvem, uma flor não pode ser. Se não há nuvem, não há chuva, e nenhuma flor pode crescer. Você não precisa ser um sonhador para ver uma nuvem flutuando em uma flor. Está realmente lá. A luz solar também está lá. A luz do sol não é flor, mas sem luz solar, nenhuma flor é possível.
Se continuarmos a olhar profundamente a flor, vemos muitas outras coisas, como a Terra e os minerais. Sem eles, uma flor não pode ser. Portanto, é um fato que uma flor é feita apenas de elementos não-florais. Uma flor não pode ser sozinha. Uma flor só pode inter-ser com o resto. Você não pode remover a luz solar, o solo ou a nuvem da flor.
Em cada um dos nossos centros de prática de Plum Village em todo o mundo, temos um lago de lótus. Todo mundo sabe que precisamos ter lodo para que os lótus cresçam. A lama não cheira tão bem, mas a flor de lótus cheira muito bem. Se você não tem lama, o lótus não se manifestará. Você não pode cultivar flores de lótus em mármore. Sem lama, não pode haver lótus. É possível, naturalmente, ficar preso na “lama” da vida. É fácil notar a lama sobre você às vezes.
A coisa mais difícil de praticar é não se deixar dominar pelo desespero. Quando você está
dominado pelo desespero, tudo o que pode ver é sofrimento em todos os lugares que olha. Você sente como se o pior estivesse acontecendo com você. Mas devemos lembrar que o sofrimento é uma espécie de lama que precisamos para gerar alegria e felicidade. Sem sofrimento, não há felicidade. Portanto, não devemos discriminar a lama. Temos que aprender a abraçar e ninar o nosso próprio sofrimento e o sofrimento do mundo, com muita ternura.
Quando eu vivia no Vietnã durante a guerra, era difícil ver nosso caminho através dessa lama escura e pesada. Parecia que a destruição só iria continuar e continuar para sempre. Todos os dias, as pessoas me perguntaram se eu achava que a guerra acabaria em breve. Era muito difícil responder, porque não havia fim à vista. Mas eu sabia que se dissesse: “Não sei”, isso só regaria suas sementes de desespero. Então, quando as pessoas me faziam essa pergunta, eu respondia:
“Tudo é impermanente, até a guerra. Terá fim algum dia.” Sabendo disso, poderíamos continuar a trabalhar pela paz. E, de fato, a guerra acabou. Agora, os ex-inimigos mortais estão ocupados negociando entre si e fazendo viagens entre os dois países, e as pessoas em todo o mundo gostam de praticar os ensinamentos da nossa tradição sobre a atenção e a paz.
Se você sabe como fazer bom uso da lama, você pode cultivar lótus bonitos. Se você sabe como usar o sofrimento, pode produzir felicidade. Precisamos de algum sofrimento para tornar a felicidade possível. E a maioria de nós tem sofrimento suficiente dentro de si e ao redor para poder fazer isso. Não precisamos criar mais.
Quando eu era um jovem monge, eu acreditava que o Buda não tinha sofrido depois que ele se iluminou. Ingenuamente, perguntei-me: “Para que serve se tornar um Buda se você continuar a sofrer?” O Buda sofreu, porque ele tinha um corpo, sentimentos e percepções, como todos nós.
Às vezes ele provavelmente tinha uma dor de cabeça. Às vezes, ele sofria de reumatismo. Se ele comesse algo não bem cozido, pode ter sofrido de problemas intestinais. Então ele sofreu fisicamente e ele sofreu emocionalmente também. Quando um de seus amados estudantes morreu, o Buda sofreu. Como você pode deixar de sofrer quando um querido amigo acabou de morrer? O Buda não era uma pedra. Ele era um ser humano. Mas porque ele tinha muita percepção, sabedoria e compaixão, ele sabia como sofrer e então ele sofria muito menos.
O primeiro ensinamento do Buda após a iluminação foi sobre o sofrimento. É chamado as Quatro Nobres Verdades. As Quatro Nobres Verdades do Buda são: há sofrimento; existe um caminho de ação que gera sofrimento; o sofrimento cessa (ou seja, há felicidade); e há um caminho de ação que leva à cessação do sofrimento (o surgimento da felicidade).
A primeira vez que você ouve que o sofrimento é uma Nobre Verdade, pode se perguntar o que é tão nobre em relação ao sofrimento? O Buda dizia que, se pudermos reconhecer o sofrimento, e se o abraçarmos e analisarmos profundamente as suas raízes, poderemos abandonar os hábitos que o alimentam e, ao mesmo tempo, encontrar um caminho para a felicidade. O sofrimento tem seus aspectos benéficos. Pode ser um excelente professor.”
* Trecho do livro: Sem Lama Não Há Lótus – A Arte de Transformar o Sofrimento (Thich Nhat Hanh)
sem dogmas, sem julgamentos, sem preconceitos… sempre amor…
cruzando encruzilhadas
realizando a cruz
circulando o centro aberto
integrando sombra e luz…
“Em nome do Incriado e do Criado e da Criação”… Amável e Imutável Mutação…
Sou de fé enquanto sou aquele que é… Sou o caminho enquanto o caminho…
Na vertical e no horizonte e no íntimo… Um total… Em todas as direções, em lugar nenhum…
Nem buda nem cristo escaparam do sofrimento, pelo contrário, atravessaram seus próprios sofrimentos… e encontraram-se na inocência… no vazio, na impermanência… a vida eterna, em si a contínua presença…
A questão não é “a quem ajudar”, mas “como ajudar”…
Não se trata de escolhermos o que “dar”… ou darmos o que gostaríamos de receber ou ter recebido… é dar o que se precisa receber…
Se uma pessoa querida ou ainda nem tão querida… estiver passando por um momento difícil emocionalmente (ou espiritualmente)… podemos ajudar, dando um pouco daquilo que ela precisa: Atenção…
Por vezes, tentamos ajudar aconselhando, pegando pela mão, dando ideias, apontando direções… mas talvez naquele momento o que ela mais precise é somente de alguém ao seu lado, que ouça e não expresse opiniões, que acolha e dê um carinhoso abraço…
É o poder do silêncio, da silenciosa presença… que nos faz sentir um laço… dois em um… um todo… atitude que pode se chamar por diferentes nomes… amizade, solidariedade, fraternidade, irmandade, generosidade, reciprocidade, piedade, bondade, sensibilidade, solicitude, altruísmo, empatia, compaixão, doação, humanidade…
Enfim, aquilo que transforma a solidão em solitude… transforma o vazio em aberto… transforma a coisa em coisa nenhuma… transmuta a inexplicável dor em incognoscível amor…
Você me importa… abre portas…
A vida continua… nua… vamos com ela…
Gratidão lhe dou… por você existir…
O velho mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse:
– “Qual é o gosto?” perguntou o mestre.
– “Ruim “ disse o aprendiz.
O mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:
– “Beba um pouco dessa água”. Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o mestre perguntou:
– “Qual é o gosto?”
– “Bom!” disse o rapaz.
– “Você sente gosto do sal?” perguntou o mestre.
– “Não” disse o jovem.
O mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
“A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende do lugar onde a colocamos. Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixe de ser um copo… Torne-se um lago…”
estado de consciência
estado de espírito
estado do coração…
estado mental – compaixão.
“Uma definição útil de compaixão tem de começar por reconhecer um estado de espírito ou um “estado do coração”. O Budismo define compaixão como um estado mental em que se deseja que os outros possam estar livres de sofrimento. A compaixão está por cima intimamente ligada com o amor, que o Budismo define como um sentimento de apreciação pelos outros – sentir uma espécie de proximidade e afeto pelos outros – e também como um estado mental em que se deseja que os outros sejam felizes. Eu uso a expressão estado mental em vez de emoção aqui porque o Budismo Tibetano não tem uma palavra correspondente para emoção. O Budismo não faz uma distinção clara entre pensamentos e emoções.
Do ponto de vista budista, são os nossos pensamentos que originam e sustêm as nossas experiências emocionais. Por exemplo, quando nos sentimos zangados acreditamos que os outros são intrinsecamente desagradáveis e estão a causar o nosso mal estar, tal como quando nos sentimos bem achamos que os outros são inerentemente bons e merecem todo o bem estar. Do ponto de vista da psicologia ocidental, a compaixão é uma emoção, mas eu aqui defino-a sobretudo como um estado mental, para evitar a forma Ocidental dualística de que uma emoção é oposta à razão. De facto, do ponto de vista Budista, emoções saudáveis como a compaixão são baseadas em pensamentos racionais válidas e sensatos acerca de nós próprios e dos outros, enquanto que as emoções negativas como o ódio ou a ansiedade são baseadas em pensamentos confusos e imprecisos.
É por isto que o Budismo reconhece a sabedoria e a compaixão como muito correlacionadas; há medida que desenvolvemos um tipo de sabedoria que percebe a realidade de forma correta, naturalmente tornamo-nos mais compassivos, e há medida que nos tornamos mais compassivos, tornamo-nos também naturalmente mais sábios e possuidores de uma abordagem mais razoável em relação à nossa vida.
O objetivo na psicologia Budista de definirmos diferente estados mentais é providenciar-nos uma ajuda a nossa própria introspecção, para ajudarmos as pessoas a avaliarem melhor o conteúdo dos seus corações e a conhecerem-se a si próprias melhor.” Lorne Ladner